Semeie, isto é: tire de onde há, jogue onde deve, espere que nasça, confiando na terra.
Semeie, na quieta cadência do gesto, dentro da calmaria da paz, regido pelo sossêgo da fé.
Semeie,
porque seu coração é bom, porque seu irmão precisa, porque vale a pena
aclarar os caminhos da vida, acolitando-os de pequeninas alegrias.
Quem
reparte alegria é irmão, mais do que amigo. É pai, mais ainda do que
irmão. Chega a ser mãe. Nem sei de obrigação mais urgente, nem de
gesto mais a propósito.
Fique sabendo: todo mundo precisa disto, por
mais que os rostos reguem e os silêncios omitam o pedido do coração:
faça-me alegre.
Muitos desistiram de rir, desesperados de encontrar
lados claros, lindos, leves, na vida. A estes, de modo especial, mande
sua alegria.
Não é que a gente ignora os lados escuros da vida, nem
esqueça que ela é dura, madrastamente dura.
Mas, carecemos do conforto
interior da alegria, a fim de achar lindo que as rosas nasçam entre os
espinhos, em vez de amaldiçoá-los, por nascerem entre as rosas.
Nem
pense que seja difícil semear alegria, na terra, junto dos seus irmãos.
Pode constar de nonadas, de porções diárias, sumidas, mais que simples.
Mantenha um rosto calmo e sem nuvens. Sustente a voz irmã, sem tons
diretos. Sorria sempre, como tradução do que se passa na alma. Escute
as pessoas, escute muito, escute sempre. Deixe extravasarem-se os
corações. Faça-se receptivo.
O importante é que a alegria lhe nasça
dentro da alma, como estado normal do coração, ambiente de consciência,
lógica da fé, que deposita em Deus.
Ame a vida, normalmente a vida
que seus irmãos levam. Faça mais: ame a vida que leva seus irmãos
coitados. Não como quem aprova os males acontecidos, mas como quem os
ensina a usarem-nos, todos os dias, como material de construção.
Sinta-se
chamado à branca vocação da alegria. Creia: o mesmo Deus se serve da
sua alegria fraterna, para beneficiar a quantos lidam com você. Um
instrumento de alegria, que lindo!
Sua alegria, um mixto de pena, de
enorme amor, de confiança na humanidade, de fé na ação divina, que usa
misteriosamente os males da terra, para plasmar seus eleitos do céu.
Imite a Deus: plante céus na terra: cante e sorria, a vida inteira.
(autoria desconhecida)