Lapsos de memória são comuns e mais saudáveis do que parece
Foto: Dreamstime
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As pessoas se preocupam muito com a memória, exagerando a importância
de lapsos (absolutamente normais!) e comparando-os à amnesia, um
problema sério. "O saudável é não se lembrar de tudo. As pessoas
precisam parar com tantas cobranças a cada lapso de memória que
eventualmente acontece", diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel,
professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora do livro
"Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor" (Ed. Sextante).
Recordar é viver
"Ao acordar, sabemos quem somos, quem dorme do nosso lado, como
preparar o café, o que fizemos ontem e que tarefas teremos hoje", diz a
psicóloga Lílian Stein, professora da PUC gaúcha. "A gente só percebe
quando ela 'falha' ao esquecer uma senha ou a chave do carro." Para
Lílian, a maior parte das pessoas tem ótima memória. "Lapsos ocasionais
são normais. Já quem sofre de amnésia, por doenças como o Alzheimer, em
geral não percebe a perda de memória", afirma. Sem contar que muitos
esquecimentos decorrem de distração por estar às voltas com atividades
simultâneas ou excessivas. "A falta de concentração prejudica o registro
do fato, e um registro fraco dificulta a evocação posterior", explica o
professor de neurologia e neuropsicologia Benito Damasceno, da
Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
Como ocorre a amnésia?
Ao contrário dos lapsos, a amnésia é resultado de problemas sérios,
como traumas, doenças degenerativas ou acidente. Conheça o processo:
1. Em alguns casos de traumas, doenças degenerativas
ou acidentes que provocam lesões cranianas, os neurônios são atingidos e
quebram-se as sinapses, as ligações entre as células nervosas.
2. O hipocampo, pequena estrutura localizada no
cérebro, processa as informações captadas pelos sentidos e as envia para
diversos pontos do córtex, a superfície cerebral, onde serão
consolidadas e armazenadas.
3. Em consequência, perdem-se as lembranças recentes,
ou seja, aquelas apreendidas há dois ou três anos. E deixam de ser
assimiladas novas informações. Mas as de longa data, já consolidadas,
nunca se apagam.
Para lembrar
Apesar da "falha" eventual de memória ser normal, o aumento do uso de
tecnologias tem feito com que muitas informações não sejam nem
armazenadas pelo cérebro. Afinal, caso seja preciso lembrar-se de algo,
basta acessar o arquivo eletrônico ou então fazer uma busca na internet,
certo? Errado! Treinar a memória continua sendo importante para que os
lapsos não causem incômodos. Confira então algumas dicas para
exercitá-la!
· Preste bastante atenção às informações que recebe. Caso contrário, os
mecanismos naturais de fixação do conhecimento não funcionam. Notar os
detalhes auxilia a recordar rostos, nomes e ocasiões.
· Tente dormir bem - respeitando a quantidade de horas necessárias para
seu organismo -, pois a fixação de novos dados ocorre durante o sono.
· Pratique atividades que exijam concentração e raciocínio, tais como
ler, resolver palavras cruzadas e entreter-se com jogos e brincadeiras
do tipo xadrez e dama ou mímica.
· Utilize técnicas de memorização. Elas consistem em estabelecer
associações entre o que deseja lembrar e algo que já sabe e também em
criar enredos para as informações. Por exemplo, um número de telefone
pode ser dividido e associado à idade de pessoas íntimas. Ou, se você
precisa comprar laranja e fermento no supermercado, imagine uma laranja
que atingiu um tamanho gigantesco por causa do fermento. Pode parecer
ridículo, mas funciona.
· Procure se envolver afetivamente com o assunto que quer gravar
associando-o ou comparando-o a eventos agradáveis ou desagradáveis que
você já vivenciou.
· Crie uma rotina fixa para as tarefas diárias e coloque seus objetos
pessoais (chaves, agenda, óculos) sempre no mesmo lugar. Dessa forma é
provável que perca menos coisas.
· Anote, escreva, copie. Esse hábito estimula a memória visual e ajuda a reter principalmente nomes e números.
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